quero que o dia acabe.
cada passo é só movimento sem alma,
matéria sem energia.
quero que a semana passe,
que o fim de semana também se dissolva
antes mesmo de começar.
os sonhos viraram poeira.
quero que os meses abençoados
me atravessem sem piedade,
queimar calendário após calendário
até que as estações percam o nome.
não sei mais diferenciar o frio da espera
do calor da esperança.
quero que o ano acabe.
meu aniversário já não tem data,
não há velas, nem bolo, nem voz alguma.
não há o que comemorar.
havia sentimento, isso ainda sei.
mas futuro?
não.
apenas um vazio iluminado,
onde o tempo se arrasta em sombra líquida.
tento decifrar se sobreviver
é esperança ou ilusão.
Nenhum comentário:
Postar um comentário