domingo, 10 de agosto de 2025

A conta-gotas

Dependendo das condições biopsicossociais, tudo que entra sai poesia.
Tempestade perfeita dentro de um filtro de barro.
Destilação lenta, cada gota carregando minerais de memórias e fantasmas.
Às vezes entra ventania, sai melancolia.
Entra 
intenso, sai silêncio.
Entra miragem, sai vertigem.
Entra amor, sai torpor.

Laboratório e altar. Cada gota atravessa deixando pra trás impurezas microscópicas.
E quando alcança a boca do filtro, se derrama em caminhos que você nem sabia que sabia. Nem que existia.

Sem peso, as últimas gotas caem ainda mais lentas, carregando o que sobrou do dia, restando suor, lágrimas e poesia. Lodo no fundo.

Na saída, eu lia cada verso filtrado na paciência do barro e decantado no tempo.

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