terça-feira, 8 de setembro de 2015

Da espera

A reunião estava marcada para às duas horas da tarde, mas o relógio ainda marcava nove horas da manhã mais meia dúzia de minutos. Uma lacuna de quase cinco horas de repente ficou evidente e pesada; seu único compromisso além da reunião era o almoço. Como preencher esse vazio?

Não movido pela razão, a primeira coisa que fez foi se afastar das pessoas, das que o conheciam, virar mais um na multidão. Em um cantinho escuro só seu, achou sua necessária solitude e escutou, viu e sentiu. Saiu da ciência em direção às artes, do exato para o abstrato. E dessa forma, foi.

Pedindo calma a si próprio, lembra que sexta-feira tem prova. Prova! Estudar. Tranquilo. Leu e escreveu. Isso é estudar? Deve ser, talvez seja. Mas não importa, o tempo não está sendo em vão. E era bom.

O relógio marca onze horas.

Impaciente decide que já é hora de almoçar. E foi. Fila. Mais espera. Angústia, impaciência, raiv... Passou. Inspira. Passou. Almoçou. E agora? Onze horas e trinta minutos, ainda faltam duas horas e meia. Muito tempo. Estudar? Deveria, mas a concentração já não existe.

Deita e dorme. Funcionou! Já são doze horas e quarenta e cinco minutos. Indaga-se se já deveria ir para reunião? É o jeito. E foi. Chegou ao local exatamente às treze horas e vinte minutos. Ainda não havia ninguém. E agora? Escrever pareceu uma boa ideia. E foi.

São treze horas e cinquenta e nove minutos.