domingo, 4 de agosto de 2013

Sobre espiritualidade

Esse é um dos tópicos que sempre quis tratar e ao mesmo tempo que tive maior relutância. É um assunto altamente difícil de ser explanado, pouco palpável e incansavelmente polêmico e sei que não tenho cacife para escrever sobre algo tão profundo. Afinal, pouquíssimas pessoas sabem exatamente no que acreditam. Algumas que se dizem católicas, protestantes, ateístas ou seja lá o que for, sequer sabem o que essas correntes religiosas significam!

Pra começar a discussão, é importante saber distinguir religiosidade de espiritualidade. Rigorosamente, a primeira diz respeito a uma corrente filosófica atrelada a uma instituição religiosa, que envolve rituais formais, costumes e supostamente conduzem à espiritualidade. Já a espiritualidade é algo mais amplo, livre de costumes, rituais e instituições, algo como o seu sentido particular da vida, sua crença de como a vida é - ou deveria ser.

Particularmente, sou avesso a qualquer prática de religiosidade. Apesar de algumas correntes religiosas como o hinduísmo, budismo e taoismo, por exemplo, despertarem curiosidade e respeito, o legado dos cristãos, como instituição, marcaram negativamente minha concepção de religiosidade. Seja pelas contradições, seja pelas hipocrisias, seja pela corrupção, seja pelo fato de barrarem avanços nos mais diversos setores sociais.

Na contramão - ou não - das práticas religiosas, o chamado ateísmo vem tomando forma e força com o passar do tempo. São pessoas que não se sentem representadas por nenhuma religião ou simplesmente não acreditam nos seus fundamentos. O interessante é que o ateísmo tomou uma proporção tão grande que deixou de ser uma característica de uma pessoa que não acredita em um deus para se tornar uma instituição! É possível vislumbrar uma "igreja" ateísta num futuro próximo. Algo tão bizarro quanto parece: um líder ateu DOUTRINANDO seus fiéis. Nunca tinha me classificado como ateu, mas tinha certa simpatia. Hoje acho esse movimento tão podre quanto qualquer igreja.

Dessa forma me agarrei mais ainda no que acreditava ser a verdade - ou a filosofia que continha a maior parte da "verdade" - o agnosticismo. Contraditoriamente, o agnosticismo nem confirma nem nega coisa alguma a não ser devidamente comprovadas. E no âmbito das divindades não é diferente. Como não é possível ao homem provar ou não a existência de um deus, permanecemos na dúvida eterna.

Mas depois de muitas viagens que transcenderam os limites da razão agnóstica, comecei a ficar insatisfeito com o fato de uma filosofia simplesmente se eximir de confirmar ou negar qualquer coisa. A meu ver é uma filosofia insuficiente. Comecei a procurar novos horizontes, algo que refletisse minimamente o que eu achava coerente, que me completasse.

Achei essa filosofia no Deísmo! O deísmo crer num ser superior - um deus - que criou tudo que conhecemos, mas que não intervem de forma alguma nos assuntos terrenos. E para alcançar deus não é necessário ir a missa todo domingo, mas sim através da razão. Ou seja, a sabedoria leva a "salvação". Gosto de acreditar nisso.

Mas no fundo, bem lá no fundo, no âmago do meu ser sou um desgraçado que acredita que o mundo se resume a isso que temos contato, e que, quando morrermos, nada restará a não ser átomos aglomerados. Nossa consciência deixou de existir e nada mais faz sentido. É triste, de fato. E sou eternamente prisioneiro dessa crença e só a verdade, enfim, me libertará!


Resolvi marcar no meu corpo uma parte de mim que tanto me fez e continua fazendo refletir. No fim me resumo a isso: a simbologia da cruz, que remota a cultura pagã, representa o equilíbrio das forças da natureza, e, para o cristianismo, representa sacrifício e amor; a corrente partida traz uma conotação de liberdade alcançada; e, finalmente, a frase significa "A verdade vos libertará". Isso é o que acredito, isso é a minha espiritualidade.









No final das contas, é importante ressaltar que apesar me opor a qualquer forma de religião, nutro um respeito absoluto por todas elas. Cada uma guarda um pedaço das verdades do mundo.

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