pra construir uma rotina, dizem que precisa de uma constância de 21 dias. ontem se somaram 93 dias de uma rotina involuntária. mais de 4 vezes o necessário pra mudar qualquer vida. já é o suficiente pra construir ou destruir quase qualquer coisa.
3 meses de ausência presente. como um fantasma. em outro plano. tipo aquele filme os outros, eu consigo sentir, ouvir e até vê-la às vezes. mas ela não me sente, não me ouve e nem me vê. fecha os olhos, ouvidos, vira o rosto pro outro lado. pro mar, pro infinito, pra palma da mão. mas não pra mim.
ontem eu segui a rotina. me joguei na direção de sempre esperando resultados diferentes. como sempre, o risco de ver um fantasma é grande; e, como um filme de terror, fico sempre nessa expectativa. do clímax. do momento da revelação ou do apocalipse.
eu gosto de pensar que temos uma conexão diferente do usual. quando me jogo e meu coração não dispara logo penso que não vai ser dessa vez. mas quando a adrenalina tá saindo pelos poros eu tenho certeza que dessa vez vai. nunca vai, nunca foi. na real. mas eu sigo gostando de pensar assim.
ontem foi assim. me joguei na direção de sempre quase sem esperar nenhum resultado. o calo tá ficando rígido já, né? insensível. mas de longe eu te vi, fingi normalidade e segui reto, sem olhar pra trás. era só isso de novo? toda vez é isso, nem sei o que é resultado mais, só processo.
a adrenalina é cruel, do jeito que vem e dá toda energia do mundo, vai embora com a mesma velocidade. minhas pernas tremeram, minha chama apagou e o medo de perder nem sei mais o que aflorou. parei. nem lembro direito o que eu fiz, só sei que voltei. pra fazer o que eu também não sei. tanto é que não fiz — quase — nada.
quando te vi novamente, parei. foram tantos recados falados, escritos e através de gestos de vá embora. que eu parei. e atravessei para o outro lado da rua, como quem foge de um perigo. atravessei a beira de um atropelamento e corri de novo para o outro lado, direto e reto. sem olhar pra trás. o perigo sou eu e quem eu protegi ficou pra trás.
acredita que eu voltei de novo? nem eu acredito. mas é um lugar familiar ainda. o único que restou.
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