sábado, 21 de junho de 2025

Talvez pior até

O turbilhão ainda não acabou.
Acalmou um pouco, é verdade.
Mas pelo menos pra mim parece longe de acabar.

Acordei igual.
Talvez pior até, por tá longe de casa, por não ter acolhimento,
nem possibilidade de ser quem se é no momento.
E aí, pensativo. Vários cenários alternativos.
Um deles me chamou atenção.

Por que, na hora do pânico, eu não dei um passo atrás e disse
"Calma, vamos resolver. A decisão é nossa agora, vamos construir juntos."?

Por que eu não fiz isso?

Aí, pensativo. Era um fluxo reverberando.
Um fluxo de uma historia de amor que tava muito adoecida.
Precisando de atenção, de presença e de verdade.
Eu não consegui fazer as escolhas certas.
Por medo, orgulho, dor, saudade, tristeza.

Errei.
Quase da pior forma possível.
Ferindo de morte quem tava perto.
Não dando nenhuma escolha.
Marchando por cima das flores que a gente tinha plantado.

Eu não me senti autorizado a romper com isso.
Não me senti autorizado a fazer de outra forma.
Como se eu ainda devesse um gesto, uma reparação ao que estava acabando.
E, nesse impulso de dívida, de lealdade ao que havia sido,
atropelei o que era vivo.

Talvez por isso ainda tão doloroso.
Parece que foi uma corda que arrebentou depois de ser esticada ao máximo.
E eu não consegui soltar, tava amarrada.
Agora, não há nada. Fiquei com o vazio nas mãos.
É preciso costurar o abismo ponto a ponto.

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