uma jornada interminável
gravada para sempre no cerebelo
quando tudo passa, você se dá conta
que mal olhou pela janela
segurando as pontas
equilibrando pratos
todo dia impedindo a catástrofe
que teima ser inevitável
as armas foram erguidas
as chaves, segredos abriram
as lentes fizeram convergir luz e sombra
nada neutro, nada sem culpa
todos os caminhos culminaram neste altar
soturno, gélido e mudo
muito sentir obstrui a razão
muita razão calcifica o sentir
por amor, não quero troca
encontrei-a deitada sobre o altar
imóvel, fria, sem vida
veneno derramando dos lábios
nas mãos, um frasco com meu nome
ainda cheio de morte líquida
poderia ter ficado de vigília
velado o corpo com a honra de quem espera
mas a dor foi maior do que o sinal
e fechei a porta do meu próprio corpo
morri duas vezes
a primeira, em silêncio, olhei o abismo
morte morrida
a segunda, um eco, o abismo me devolveu o olhar
morte matada
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