hoje demorei pra dormir,
negociando com a ansiedade em parcelas que não cabem no peito,
tentando remediar o vazio com listas de tarefas
que não se cumprem.
será que ler acalma?
ou escrever pra deixar escorrer a dor pelas letras?
talvez um chá de camomila, ou mulungu,
talvez fumar um chá,
ou deitar em posição de lótus
e inventar uma respiração capaz de se presentear.
lavar o rosto, fechar os olhos,
convencer o corpo a descansar.
mas não há resposta certa.
para o que não há remédio remediado está.
tô sentindo saudade dela.
tô sentindo falta dela.
tô sentindo ela indo embora.
indo.
no gerúndio.
flagrante da ação em curso,
um verbo que não se resolve,
que não chega ao ponto final.
aqui, agora, do meu lado,
ausência presente.
indo.
embora.
indo
embora,
não demora
a virar coisa rara.
o mundo foi com ela.
talvez seja porque
eu beijei o seu umbigo,
e nesse gesto mínimo
abriu-se uma fenda,
sem atalho
talhou meu coração.
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