domingo, 28 de setembro de 2025

manifesto sináptico insurgente

toda revolução é impossível
até que se torne inevitável
feito rio que um dia está seco
mas no outro vira cachoeira

às vezes penso que cada sinapse
é uma tentativa de insurreição
um clarão breve que ilumina as curvas da vida
antes que a escuridão retome seu posto
e lembre do coração estilhaçado

não espero pelo futuro
nem aguardo resposta divina
esperançar é um trabalho ativo
uma artesania dos afetos que nos atravessam
junto os cacos de amor e verdade
até que formem um vitral colorido

honra e dignidade perdidas
se recuperam no corpo que teima em continuar
pelas cicatrizes que se tornam caminhos
na ferida que
 encarada de frente
abre passagem para a cura

sou um revolucionário com as veias abertas
já deixei meu sangue escorrer abundante
agora é preciso renovar o fluxo
não vazar, mas transbordar em direção ao mar

pedestal é prisão, controle e disfarce
por isso te tirei daí
pra que possamos olhar um ao outro
sem medo de cair de tão alto
na igualdade da terra molhada
na lama fértil do que somos

não culpar quem nos feriu
mas olhar o que sangra em nós
tocar com os dedos sujos de vida
a cicatriz ainda aberta
e ali encontrar a chave
para o recomeço

eu quero ficar
e fazer revolução com você

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