sexta-feira, 13 de junho de 2025

Delírio

Obrigado por esperar. Acordei num instante onde tinha feito tudo diferente. O gesto certo, o tempo certo, as palavras exatas. Senti o calor do abraço depois de muito tempo fora, vi os olhos fecharem em paz. Fica aqui.

Tudo ficou num tom azul-turquesa com raios de luz pulsantes, ora vermelha-neon, ora amarelo-elétrico. Quando os olhos se abriram li tudo caleidoscópico. Lia, mordendo os lábios, dentes cintilando turquesa-neon, seus olhos antes tão vivos, que me atravessavam, agora opacos, sem direção.

Fica aqui. Como se tivesse uma corda amarrada na cintura, foi puxada para longe por uma força invisível. Sem som, só movimento súbito. As mãos e pernas, por inércia, estendidas à frente. A cabeça tombada, olhos abertos mas sem enxergar, boca entreaberta mas sem falar.

Eu me joguei adiante, estiquei os braços o máximo possível, tentando segurar o sol, mas te vi no horizonte desaparecer. Ficou ressoando "obrigado por esperar". Delirante.

Acordei em outro instante, no escuro. O quarto, cinzas. A cidade, fria. O braço ardendo em tons pretos. Fica aqui.

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