terça-feira, 16 de setembro de 2025

diamantes, lágrimas e rostos para lapidar, sublimar e revelar, respectivamente

todo dia vai ser uma tortura
até que não seja mais.

hoje de manhã acordei
e durei dois instantes.
limpos,
feito diamante.
sem pensar em tu.

envolto num sonho qualquer,
um lugar estrangeiro de sentido.
na investigação, lembrei.
tu não tá mais aqui.
lá estava o tópico, imóvel, insistente.

o hiperfoco voltou.
saudade montando guarda.
tristeza sentinela.
parece que só é digno sofrer.

ontem notei que não chorava tua partida;
ensaiava a expressão no rosto.
dor, insatisfação, desconforto.
proibido trocar a máscara da tragédia.
mas não havia lágrimas.
não havia mais nada.
secou.

quando menos esperei,
meu rosto foi torcido, rasgado
e me pus a chorar no meio da rua.
baixei a cabeça
todo esse pranto também não seria digno.
não restava nada que parecesse digno.
fiquei no limbo.
meu mundo não existe mais.

um dia talvez
acorde
e dure mais que dois instantes.
um dia
descansarei o rosto e os olhos,
e a dor será lição e não território.
por agora, ainda exploro o terreno
e decoro mapas na mente.

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